Uma experiência simples revelou a lei da oferta e da procura no comportamento de macacos-verdes. Uma fêmea foi ensinada a abrir uma caixa com comida e era recompensada com gestos de tratamento de pêlo, o equivalente ao pagamento de um serviço. Quando uma segunda fêmea aprendeu a abrir outra caixa, a competição baixou o valor da primeira.
O comportamento económico não é um exclusivo humano, como demonstra uma experiência simples e talvez histórica realizada pela equipa do psicólogo holandês Ronald Nöe, da Universidade de Estrasburgo. A observação feita pela equipa de Nöe sugere que o pagamento de serviços, entre os macacos, também obedece à lei da oferta e da procura típica da economia humana.
Num trabalho que será publicado na revista da Academia das Ciências norte-americana (PNAS) e a que o New Scientist teve acesso, os cientistas contabilizaram as ocasiões em que os animais se tratavam e catavam, comportamento que constitui a base das sociedades destes primatas e que funciona como o equivalente ao pagamento de serviços, portanto, de "dinheiro" no conceito humano. É também uma das bases da definição da hierarquia e compensa por favores sexuais, entre outros.
A equipa de biólogos treinou uma fêmea de estatuto inferior no grupo a abrir uma caixa com comida. Uma hora depois da abertura da caixa verificava-se o aumento das compensações para este animal, que por sua vez não precisava tantas vezes de pagar aos seus vizinhos de maior estatuto com gestos de tratamento de pelo.
A experiência foi um pouco mais longe ao colocar uma segunda fêmea no grupo que sabia abrir uma outra caixa com comida. O resultado foi que aumentaram os pagamentos para o segundo animal e diminuíram na mesma proporção para a primeira fêmea.
Mais surpreendente foi o facto de haver uma tendência para as duas fêmeas serem tratadas pelos outros elementos do grupo com gestos de pagamento na mesma quantidade e tempo, o que sugere a percepção de um valor económico idêntico para ambas.
Nöe foi um dos primeiros autores a usar o termo mercados biológicos para definir situações em que se podem identificar animais que estão a "trocar" produtos ou serviços. Entre os primatas, o exemplo clássico é o tratamento de pelo, comportamento comum a todas as espécies, fácil de compatibilizar (frequência e tempo). Neste caso, os autores concluem que a segunda fêmea foi beneficiada, "com custos para a primeira".
Na definição proposta por Nöe e nos vários exemplos (que não incluem apenas primatas), verifica-se que os animais podem recorrer à "publicidade", havendo casos de engano, e há situação de competição que conduzem a verdadeiros leilões dos produtos à venda. A lei da oferta e da procura já tinha sido detectada nos comportamentos de um pássaro da África do Sul chamado bispo vermelho.
Macacos sabem avaliar o custo de um serviço.
Postado por Black Zone
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